Há alguns dias atrás fui fazer minhas fotos de formatura da faculdade. Foi uma sensação tão boa, tão gratificante, de saber que consegui chegar aonde cheguei, consegui passar pela escola e pela faculdade e ter um diploma da graduação de um curso pra me tornar uma profissional. Isso tudo porque tenho diagnóstico de Síndrome de Asperger. É uma vitória!
Quando eu era pequena, uma vez, minha mãe e minha avó me
perguntaram o que eu queria ser quando crescesse. Respondi que eu queria ser
Mãe. Mas aí elas me explicaram que elas estavam se referindo às diversas
profissões existentes e me citaram alguns exemplos. Então, falei que queria ser
professora.
Sempre gostei muito de brincar de escolinha, quando pequena.
Mas como sou filha única, eu juntava meus vários cadernos de escola, dos anos
anteriores e colocava todos enfileirados, fingindo que eram meus alunos
imaginários que estavam ali assistindo aula e eu era a professora .
Às vezes, eu colocava minha avó pra ser diretora da escolinha e minha mãe pra ser coordenadora. Outras vezes, quando eu brincava na casa da minha avó, ela queria dar aula e queria que eu assistisse a aula. Mas, eu ficava com raiva quando ela pedia pra inverter os papéis nas brincadeiras, ela sendo a professora e eu a aluna.
O mesmo acontecia quando eu brincava com minha tia, irmã do
meu pai. Começava a brincadeira comigo sendo a professora, mas quando ela pedia
para mudar e ela ser a professora, eu ficava brava.
A escolinha era tão bem equipada que até quadro de verdade,
tinha. Um quadro que meu pai me deu, trouxe do trabalho dele, para mim, e ainda
comprou caneta para quadro e apagador.
Depois dessa pergunta que minha mãe e minha avó me fizeram, e,
das várias vezes que brinquei de escolinha, lá estava eu, decidida: eu queria
ser professora. Anos se passaram e mesmo assim, essa era minha decisão. Então, em 2015 fiz o Enem e em 2016 ingressei no curso de pedagogia. Durante minha trajetória acadêmica foram muitos os desafios, como enfrentar uma pandemia e três mudanças curriculares na pandemia e logo após, o que impactou muito essa vida acadêmica, mas eu consegui. Me formei.
Saber que eu cheguei até aqui, consegui concluir meu curso e
consegui me formar me enche de felicidade e sinto orgulho de mim mesma. E eu
como uma jovem autista, venho hoje dizer que todo autista consegue sim fazer de
tudo, se tiver apoio das pessoas ao redor, se tiver força de vontade e batalhar
pelos sonhos, porque autismo não é doença, é somente um modo de funcionamento neurológico diferente do padrão! E nós autistas, somos pessoas como
qualquer outra.