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Orgulho Autista 2025

 Hoje é Dia do Orgulho Autista. E venho dizer que nós autistas somos pessoas como qualquer outra, e merecemos todo o respeito, porque a incl...

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Falando de Luto - parte 1

Venho, hoje, contar sobre uma experiência que vivi no meio do ano passado. 
Dia 13 de Julho, minha avó materna, Eneida, teve que ser internada no hospital. Ela tinha pegado Covid uns dias antes e estava terminando de se recuperar. Chegou ao Hospital desfalecida e os médicos a colocaram numa sala de emergência para monitorá-la e para fazerem exames para descobrirem o porque isso estava acontecendo com ela. Passado algumas horas, levaram ela para o CTI  e minha Tia Lilian ficou durante toda a estadia de internação com ela. 
Os médicos fizeram vários exames e foi descoberto um problema na válvula do coração que estava bem ruim. Ela teria que fazer mais exames porque os médicos teriam que estudar melhor o caso dela para resolverem qual tipo de cirurgia minha avó poderia fazer. 
Depois de mais exames e avaliações médicas, foi resolvido que minha avó iria fazer a cirurgia de troca de válvula por meio de cateter, e a cirurgia iria ser marcada para o dia 4 de agosto.
No dia da cirurgia, ela entrou para a cirurgia as 15:30hrs. O procedimento acabou 18:30hrs. Quando foi 19hrs, tiveram que voltar com minha avó para o bloco cirúrgico, pois ela estava se queixando de muita dor na perna direita. Ela passou a boa parte da madrugada na mesa de cirurgia, pois, com a perda de sangue, estava começando a dar trombose com risco de perda total da perna direita. Dia 5 pela manhã ela estava no CTI intubada e sedada para o conforto dela, mas os médicos ligaram para minha tia Lilian em torno de 12:30hrs pedindo que a família fosse ao hospital para o horário de visita as 15hrs, mas pediram que chegássemos antes porque queriam conversar com a gente. Chegamos lá por volta de 14:40hrs e subimos para o andar do CTI. Na hora estávamos somente eu, minha Mãe, minha Tia-Avó Elza e meu Avô Nonô. O médico nos relatou que na cirurgia ocorreu tudo bem, teve algumas complicações, eles tentaram estabilizá-la com altas doses de medicamento pela manhã do dia 5, mas ela não resistiu e veio a falecer às 13hrs do dia 5. 
Os médicos liberaram para que entrássemos no CTI para que pudéssemos ver o corpo e despedir dela. Foi doloroso saber que minha avó tinha partido, mas de início, me mantive forte, não chorei nada lá no hospital, pois eu achava que se eu chorasse eu iria ser fraca e eu achava que eu precisava ser forte para apoiar meus familiares, mas principalmente minha Mãe. Fiquei no hospital o restante da tarde para acompanhar meus familiares no procedimento burocrático e na papelada para preparação do velório. Mas assim que entrei no carro do meu pai, quando ele foi me buscar, desabei a chorar. Chorei de pouco a pouco, mas não o tanto que era esperado no dia. No dia seguinte no velório foi a mesma coisa, me mantive forte a maior parte do tempo, ajudei minha mãe, minha tia e meu avô com a recepção de todos ali presentes, ajudei minha mãe com a música que iria ser tocada no velório, mas chorei na hora que o caixão estava sendo fechado para sair à caminho do túmulo para ela ser enterrada.
Depois do dia do enterro, só fui chorar mesmo, uns 7 dias depois, no dia da Missa de 7o dia da minha avó e como demorou esses dias todos para o choro vir, isso refletiu no meu emocional e eu além de chorar bastante, passei muito mal, vomitando sem parar, com desidratação.
Foi uma dor imensa a perda da minha avó, pois éramos muito ligadas uma à outra. Além disso foi a primeira vez que perdi alguém mais próxima ainda de mim. 
Minha avó paterna faleceu quando eu ainda era bebê de colo, eu tinha apenas 10 meses, então a única lembrança que tenho dela são fotos e vídeos. Meu avô paterno só vi um vez na vida quando eu tinha 8 anos, então nem senti nada direito quando ele faleceu. Minha outra tia-avó materna, Eunice, faleceu em 2017 e eu não fui no velório e o mesmo com o marido dela que faleceu em 2013.

Um comentário:

  1. Ju, que texto sensível e comovente. Percebe-se nele a sua dor, mas também o grande amor que você sente pela sua avó e também a cumplicidade que existia entre vocês duas. O tempo amenizará a dor, e ficarão a saudade e as boas recordações de toda esta convivência. Meu amor e carinho para você!

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